
Após fechar 2021 com a pior taxa de desmatamento em 15 anos, a Amazônia volta a registrar um recorde negativo: O mês de janeiro de 2022 foi o mais destrutivo para a floresta desde que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) passou a dividir por meses a taxa de desmatamento, em 2015.
Historicamente, janeiro apresenta as menores taxas de destruição da floresta ao longo do ano. Ainda assim, uma área semelhante à de Curitiba foi colocada no chão entre os dias 1º e 27 de janeiro. Sem computar os últimos quatro dias do mês já são 425 km2 de floresta equatorial derrubada.
O sistema Deter do Inpe é o responsável pelo levantamento. Ele produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares – mapeando tanto áreas totalmente desmatadas como aquelas em processo de degradação.
A média de devastação da Amazônia em janeiro – mês com altas chuvas, que oferecem mais dificuldades às atividades exploratórias que afetam a floresta – desde 2016 é de aproximadamente 200 km2. O registrado neste ano é mais que o dobro desta média, e 150% maior que o recorde anterior. Ambos resultados negativos ocorreram ao longo do mandato de Jair Bolsonaro na presidência.
Estados campeões
O Estado que mais desmatou neste ano foi o Mato Grosso, que retirou 146 km2 de cobertura vegetal. Rondônia fecha os líderes, com 116 km2 desmatados e sua capital como a cidade que mais impactou a floresta.
Porto Velho figura desde 2011 entre as cidades que mais emitem CO2 por habitante no Brasil, ocupando a liderança entre 2014 e 2017, entre outros anos, segundo levantamento do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) do Observatório do Clima. Os dados mais recentes são de 2018.
Na última década, cidades da Amazônia passaram São Paulo como cidades mais poluidoras, fenômeno causado pela queimada da floresta resultante do desmatamento. No modo mais nocivo de derrubada, retroescavadeiras carregam correntes pesadas que vão arrastando toda a vegetação pelo caminho. O material é deixado para secar e queimado na época de secas, no inverno do hemisfério sul.