Países amazônicos perdem 10% da cobertura vegetal em 34 anos

Compartilhar

Ӿ

[vc_row][vc_column][vc_column_text]

Por  Daniela Chiaretti

Valor Econômico

02 de julho de 2020

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

Os nove países amazônicos perderam 10% da cobertura florestal em 34 anos. De 1985 a 2018 foram 72,4 milhões de hectares, sendo 69 milhões de hectares de florestas derrubadas na região conhecida por Pan-Amazônia. Isso equivale à área somada dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

O tamanho da cobertura vegetal perdida no período nos nove países, somando vegetações naturais que não são bosques, corresponde ao território do Chile. O mapeamento das perdas leva em conta o bioma, a região administrativa e as áreas de cabeceiras dos rios. Foram modificados 72,4 milhões de hectares de cobertura vegetal natural dos Andes à planície amazônica, chegando às áreas de transição como Cerrado e Pantanal. Ao mesmo tempo em que esta transformação do uso da terra aconteceu, houve um crescimento de 172% na área ocupada pela agricultura e pecuária.

Os dados fazem parte da “Coleção 2.0 de Mapas Anuais de Cobertura e Uso do Solo da Pan-Amazônia”, plataforma com mapas e estatísticas da região lançada ontem. Trata-se de uma iniciativa de pesquisadores dos nove países que fazem parte da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) junto à equipe dos analistas do MapBiomas.

 

 

O Brasil foi, de longe, o país que mais perdeu cobertura vegetal no período. A modificação no uso da terra afetou mais de 62 milhões de hectares. Em seguida veio a Bolívia (com 3,6 milhões de hectares), o Peru (1,5 milhão de hectares) e a Colômbia (1,4 milhão).

O Suriname e a Guiana não perderam floresta. Ao contrário, somaram cobertura vegetal no período, explica o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas, uma iniciativa de várias instituições e que inclui universidades, ONGs e empresas de tecnologia. Imagens analisadas do satélite Landsat têm resolução de 30 metros. Isso significa que é possível identificar a dinâmica do uso da terra dentro de uma unidade de conservação ou terra indígena, por exemplo.

O mapeamento mostra com clareza o quanto as terras indígenas e as unidades de conservação são importantes para a preservação da floresta e da biodiversidade. As terras indígenas em toda a região perderam 3% do total no período e as unidades de conservação, 4%. As grandes mudanças no uso do solo ocorreram fora destas áreas de preservação. O mapeamento observou as mudanças que atingiram as florestas, os campos naturais, os manguezais, a vegetação nas proximidades dos rios. A região que ainda registra 84% do território coberto por florestas.

Na Pan-Amazônia, área de 8,47 milhões de quilômetros quadrados, vivem 47,4 milhões de pessoas. Ao ano, segundo os mapas e análises lançados ontem, foram perdidos dois milhões de hectares ao ano de florestas. Em formações naturais não-florestais, as perdas foram muito menos dramáticas – 3,2 milhões de hectares entre 1985 e 2018. A iniciativa contou com o apoio da equipe técnica do MapBiomas Brasil. A iniciativa, conta Azevedo, surgiu em 2015. “Criamos um projeto para monitorar a cobertura vegetal e o uso da terra no país”, diz Azevedo. “Queríamos entender as transformações que ocorrem depois do desmatamento. Quanto daquilo vira pasto? Quanto regenera?”, conta.

A plataforma lançada ontem é o segundo capítulo de um esforço iniciado em 2019. Na ocasião, o mapeamento teve menor alcance. Analisava dados da região entre os anos 2000 e 2017. O estudo mostra os principais vetores que exercem pressão sobre as florestas, como as estradas, a mineração, a exploração de petróleo e as hidrelétricas.

A iniciativa representa um avanço para que seja possível “construir e fomentar uma visão integral da Amazônia considerando os aspectos políticos de uma região compartilhada entre vários países, assim como aspectos socioambientais de grande importância”, diz o antropólogo Beto Ricardo, coordenador da Raisg e co-fundador do Instituto Socioambiental, o ISA.

 

Fonte: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/07/02/pases-amaznicos-perdem-10-pontos-percentuais-da-cobertura-vegetal-em-34-anos.ghtml

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados *

Postar Comentário